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Lula adota tom mais rígido sobre segurança e critica roubo de celulares para aumentar popularidade

Há duas semanas, ele afirmou que "não irá permitir que os bandidos tomem conta do nosso país".

Em meio a uma queda de popularidade do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem adotado um novo discurso sobre segurança pública, com o intuito de reconquistar parte do eleitorado. A principal mudança na estratégia do governo envolve uma ofensiva mais assertiva, focada em ampliar os poderes da União na área da segurança e combater, com mais vigor, crimes como o roubo de celulares. O novo tom adotado por Lula tem como objetivo refletir uma postura mais rígida em relação à criminalidade, especialmente em um momento em que pesquisas apontam a segurança pública como uma das maiores preocupações dos brasileiros.

Há duas semanas, durante um evento em Fortaleza, no Ceará, Lula fez questão de frisar seu compromisso com o combate ao crime, afirmando: “A gente não vai permitir que os bandidos tomem conta do nosso país. A gente não vai permitir que a 'república de ladrão de celular' comece a assustar as pessoas nas ruas desse país”.

Foto: Ricardo Stuckert/PRLula
Lula

Pesquisas internas do governo indicam que, de fato, a segurança pública é uma das áreas que mais impactam a popularidade de Lula. Um levantamento do Instituto Ipec, divulgado em março, mostrou que 50% dos entrevistados avaliam negativamente a atuação do presidente nesse setor. A pesquisa foi realizada entre os dias 7 e 11 de março com 2 mil entrevistados em 131 municípios de todo o Brasil, e tem margem de erro de 2 pontos percentuais.

Em resposta a essa insatisfação popular, uma das apostas do governo é a ampliação de um aplicativo destinado a combater o roubo de celulares. A ideia é utilizar a tecnologia para ajudar na diminuição desses crimes que afetam milhões de brasileiros, uma vez que o roubo de aparelhos é um dos delitos mais comuns nas grandes cidades do país.

Além disso, a estratégia de comunicação do governo foi ajustada. De acordo com membros do Palácio do Planalto, a orientação dada pelo ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Sidônio Palmeira, é para que Lula adote um discurso mais firme e repressivo, afastando-se da abordagem tradicional da esquerda sobre segurança, que muitas vezes privilegia questões sociais. "Nós vamos ter que enfrentar a violência, sabendo que temos que enfrentar o crime organizado. E não é o estado sozinho, é o estado, o município e o governo federal", declarou o presidente em Fortaleza.

Esse novo tom é uma mudança clara em relação a declarações feitas por Lula no ado recente. Em 2022, o petista afirmava que “não se pode permitir que jovens continuem tendo como razão de vida roubar celular para sobreviver”. Já em 2023, em um tom mais crítico, o presidente criticava a atuação das polícias e defendia o desencarceramento, um movimento que é uma das bandeiras da esquerda no campo da segurança pública. Na época, Lula chegou a afirmar que "a cadeia está cheia de gente inocente", o que gerou controvérsias e críticas, principalmente de adversários políticos.

Para o senador Sergio Moro (União-PR), a gestão do Ministério da Justiça e Segurança Pública do governo Lula até o momento se caracteriza por um "discurso de leniência com a criminalidade". Moro, ex-ministro da Justiça, argumenta que políticas como o desencarceramento em massa não contribuem para o fim da impunidade e podem até prejudicar o combate à criminalidade organizada. "É evidente que uma política de desencarceramento em massa em nada contribuirá para o fim da impunidade, em nada contribuirá para o enfrentamento da criminalidade organizada. Antes, mandará o recado contrário, de que o crime compensa", afirmou o parlamentar.

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