A Polícia Civil e o Ministério Público realizaram uma operação que revelou os bastidores do setor de saúde no Distrito Federal. Deflagrada na quinta-feira (10), a Operação Toque de Midaz investiga um suposto cartel milionário, supostamente liderado por membros da Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do DF (Coopanest-DF). A apuração aponta que, por anos, um grupo seleto de profissionais dominou o mercado de anestesia na capital, utilizando coerção contra colegas dissidentes, manipulando honorários e restringindo a livre concorrência em hospitais estratégicos.
Segundo as investigações, os médicos usavam a estrutura da Coopanest-DF, cooperativa que reúne profissionais da área, para dominar o mercado de anestesia em hospitais estratégicos da capital federal. O grupo teria praticado atos como intimidação de colegas dissidentes, manipulação de honorários e restrição à atuação de profissionais independentes, ferindo a livre concorrência.

As apurações apontam que os envolvidos atuavam de forma estável e organizada, impondo barreiras ao ingresso de novos profissionais e recorrendo até a ameaças físicas e psicológicas para manter o controle do setor. Médicos que contrariavam as diretrizes do grupo seriam pressionados com o risco de descredenciamento ou exclusão da cooperativa.
Um dos principais alvos da operação é o médico José Silvério Assunção, atual vice-presidente da Coopanest-DF. Além do mandado de busca e apreensão cumprido em sua residência de alto padrão, Silvério já enfrentou uma condenação na Justiça por erro médico. O caso aconteceu em 2006, quando uma paciente ficou em estado vegetativo após uma anestesia mal istrada durante uma cirurgia de apendicite. A vítima faleceu em 2018, e o médico perdeu em todas as instâncias, inclusive no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Outro nome ligado à cúpula da cooperativa e também alvo da operação é Pablo Pedrosa Guttenberg, membro do Conselho Fiscal da entidade. Agentes cumpriram mandado de busca em seu apartamento.
Resposta da cooperativa
Em nota oficial, a Coopanest-DF negou qualquer prática ilegal e afirmou que confia na elucidação dos fatos. “Nunca houve, e não há, formação de cartel ou qualquer outra ilegalidade por parte da Coopanest-DF e seus dirigentes. Estamos certos de que vamos comprovar, mais uma vez, a total regularidade e o compromisso ético que mantemos há mais de 40 anos com nossos cooperados e com a sociedade.”
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