O ex-cirurgião Joël Le Scouarnec, de 74 anos, foi condenado nesta quarta-feira (28) a 20 anos de prisão pelo abuso e agressão sexual de 299 vítimas, a maioria delas menores de idade. Considerado o maior pedófilo da história da França, Le Scouarnec recebeu a pena máxima permitida por lei para crimes de estupro, segundo decisão do Tribunal Criminal de Vannes, na região da Bretanha.
De acordo com a sentença, o condenado deverá cumprir pelo menos dois terços da pena antes de poder solicitar qualquer benefício carcerário. Além disso, ele está proibido de exercer qualquer atividade que envolva menores de idade pelo resto da vida.

Apesar da severidade da pena, vítimas e advogados demonstraram indignação com o fato de que Le Scouarnec pode, na prática, ser libertado em cerca de seis anos. Isso se deve à fusão da nova pena com uma condenação anterior, de 15 anos, imposta em 2020 por crimes semelhantes. Com isso, ele poderá solicitar liberdade condicional antes do término do novo prazo.
“Ela \[a pena] não é suficiente”, afirmou um dos advogados de acusação, ressaltando o impacto que os crimes de Le Scouarnec tiveram sobre as vítimas. “A sensação é de que eles não nos ouviram”, desabafou Amélie Lévéque, uma das vítimas, após o julgamento.
Durante a leitura da sentença, que durou apenas 13 minutos, Le Scouarnec permaneceu em silêncio, de pé, encarando a presidente do tribunal, Aude Buresi, sem demonstrar qualquer reação. A magistrada justificou a condenação com base no “comportamento obsessivo” e na “natureza predatória” do acusado, destacando que ele era “obcecado por suas vítimas”. Buresi também explicou que, apesar da idade avançada do réu, a manutenção da pena foi considerada necessária, já que “não se pode prever o que ele faria se estivesse novamente na presença de crianças”.
Uma medida mais rígida, como a retenção de segurança — espécie de prisão preventiva após o cumprimento da pena — não foi adotada pelo tribunal. A justificativa é que o acusado demonstrou remorso e vontade de reparação durante o julgamento.
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