Durante discurso na Conferência da ONU sobre os oceanos, realizada nesta segunda-feira (9) em Nice, na França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o que classificou como “ameaça do unilateralismo” na corrida global por minérios estratégicos no fundo do mar. A fala ocorre em meio à recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de liberar a mineração em alto-mar, inclusive em áreas internacionais — desafiando a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (AIFM), órgão vinculado à ONU.
“Paira sobre o oceano a ameaça do unilateralismo. Não podemos permitir que ocorra com o mar o que aconteceu no comércio internacional, cujas regras foram erodidas a ponto de deixar a OMC inoperante. Evitar que os oceanos se tornem palco de disputas geopolíticas é uma tarefa urgente para a construção da paz”, afirmou Lula.
O presidente também fez referência à taxação imposta recentemente por Trump a produtos de dezenas de países exportados aos EUA. A medida provocou reações e levou nações a buscar acordos bilaterais ou acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC), cuja credibilidade, segundo Lula, também está em xeque.
Para o petista, a exploração predatória dos fundos marinhos representa uma ameaça direta à Convenção da ONU sobre o Direito do Mar, firmada há mais de 40 anos, e que consagrou os oceanos como patrimônio da humanidade. “Canais, golfos e estreitos devem nos aproximar e não ser motivo de discórdia”, afirmou. Ele defendeu o fortalecimento da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos, atualmente liderada pela cientista brasileira Letícia de Carvalho, a quem enviou uma saudação especial.
Lula ainda denunciou o bloqueio de interesses econômicos à criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul — proposta defendida pelo Brasil em fóruns ambientais — e fez um apelo contundente pela preservação dos ecossistemas marinhos.
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